quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Conexões de Saberes
Bem vindo ao Conexões de Saberes!
Histórico
A origem do Programa Conexões de Saberes encontra-se no projeto denominado Rede de Universitários de Espaços Populares – RUEP, uma ação formulada em 2003 pelo Observatório de Favelas e implementada em 2004 pela Universidade Federal Fluminense – UFF e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, com financiamento do Programa de Extensão Universitária – Proext/SESu/MEC. O eixo fundamental desse projeto foi a criação, no interior das universidades, de uma rede de articulação entre os estudantes oriundos de espaços populares em torno de dois objetivos principais: criar condições para a realização de um processo regular de avaliação do impacto das intervenções públicas nas comunidades populares, sobretudo as dirigidas para a infância e juventude, e formar novos quadros técnicos sociais nesses territórios, capazes de se constituírem como lideranças comunitárias com perfil diferenciado. A rede foi construída a partir do desenvolvimento de projetos específicos nas comunidades, de estudos orientados de metodologia de pesquisa e de formação técnica. Foram selecionados 50 estudantes universitários de origem popular, que atuaram em três comunidades dos municípios de Niterói e São Gonçalo durante um ano. Esse projeto embrionário de permanência de estudantes de origem popular na Universidade serviu como referência para que, no final de 2004, a SECAD/MEC, em parceria com o Observatório de Favelas, iniciasse o Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares em cinco universidades federais: UFF, UFMG, UFPA, UFPE e UFRJ. Atualmente, são 36 universidades que participam deste programa em todo o Brasil. Em 2010, a SECAD dá um importante passo ao incluir os princípios do Programa no PET, institucionalizando o Conexões de Saberes em PET Conexões. 

sábado, 12 de novembro de 2011

Entrevista cedida ao Jornal Beira do Rio da UFPA

Lendo para ser feliz: Projeto incentiva
 a leitura entre alunos do ensino básico
Conectando saberes e experiências

por Ana Carolina Pimenta
foto Karol Khaled



Na Universidade Federal do Pará, cerca de 40% dos alunos matriculados são de origem popular. São mais de 12 mil alunos oriundos de escolas públicas, os quais superaram adversidades e ingressaram na universidade pública. Para permitir que esse acesso se amplie, a UFPA vem desenvolvendo alguns projetos destinados à democratização do ensino superior, fortalecendo os vínculos entre a Universidade e a comunidade.
          Alguns dos exemplos são os Projetos de Extensão “Projeto de Apoio ao Vestibular” e “Circuito de Leituras: lendo para ser feliz”, ambos coordenados pela professora Maria José Aviz do Rosário, do Instituto de Ciências da Educação (ICED/UFPA).
          Os dois projetos estão ligados ao “Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a Universidade e as comunidades populares” e receberam, este ano, o Prêmio Jovem Extensionista, cujo objetivo é incentivar a participação de estudantes na extensão universitária.
          Na UFPA, o Conexões de Saberes está em execução desde 2005, por meio de projetos que oferecem aos universitários de baixa renda a possibilidade de produzirem conhecimentos científicos e de intervirem em favor das comunidades populares, principalmente junto a crianças, adolescentes e jovens,o nas escolas públicas do ensino básico. Até 2009, o Programa atuou de forma singular na formação de 153 estudantes de origem popular, como agentes multiplicadores em sete campi da UFPA.

Estreitando os laços com comunidades
populares
          Só quem vivenciou dificuldades e superou obstáculos colocados no caminho para a universidade pública sabe o quanto o ingresso no ensino superior é sofrido e desigual. É o caso de alguns estudantes de graduação da UFPA. Oriundos do ensino público, eles conheceram de perto os percalços do acesso à Universidade e, ao passarem no vestibular, decidiram fazer alguma coisa por aqueles que, como eles, viam, na UFPA, um sonho possível, porém ainda distante.
          Esses acadêmicos, influenciados por suas histórias de vida, idealizaram o Projeto de Extensão “Projeto de Apoio ao Vestibular”. “O que enobrece ainda mais o Projeto é que ele foi inteiramente concebido, organizado e executado pelos bolsistas”, esclarece a professora Maria José do Rosário. Em sua primeira edição em 2009, o trabalho investigou que ações podem ser geradas quando se amplia o contato entre universidade e comunidade e como informações relativas ao vestibular contribuem nas decisões e atitudes dos alunos assistidos.
          O estudo centrou-se, também, nos fatores que levam estudantes do ensino público a participarem ou não dos exames de seleção das universidades. A atividade desenvolveu-se por meio de oficinas sobre ações afirmativas, direitos humanos, juventude e educação, sistema de cotas, isenções das taxas de vestibulares e aulas de redação, literatura e gramática.
          O Projeto é desenvolvido, desde o ano passado, com estudantes da 3ª série do ensino médio, da Escola Estadual Professora Consuelo Coelho e Souza, localizada no Bairro do 40 Horas, em Ananindeua (PA). Os universitários do Projeto elaboraram questionários com perguntas relativas às concepções dos alunos sobre universidade, expectativas com relação a cursos superiores, seus conhecimentos acerca do sistema de cotas nas universidades e atitudes com relação ao vestibular.

Faltam informações
          Logo nos primeiros contatos, foram identificadas as primeiras fraquezas dos estudantes atendidos.  Elas compõem um cenário marcado pela baixa autoestima, pela falta de conhecimento e pela vulnerabilidade socioeconômica. “Para mim, a maior fraqueza encontrada é a falta de perspectiva dos alunos em relação ao ingresso na Universidade. Ou seja, entre conseguir um emprego que lhes dará um salário mínimo ou cursar uma graduação, eles não têm dúvida em optar pela primeira alternativa”, conta a professora Maria José do Rosário.
          O despreparo quanto à elaboração de redação, tradicionalmente exigida nos vestibulares, foi outro fator problemático encontrado. Assim, o Projeto priorizou as oficinas de Produção de Texto, Gramática (para ajudar com a escrita), Literatura e Redação. Ao final, as atividades de apoio ao vestibular estimularam as habilidades textuais dos alunos, tornando-os mais seguros quanto à escrita.
          Uma pesquisa realizada pelo Projeto em sua primeira edição revelou que, antes das intervenções dos acadêmicos, 96% dos alunos atendidos pelo Projeto não desejavam fazer vestibular (!). Apesar dos avanços tecnológicos e da democratização da internet, o desconhecimento de informações básicas quanto aos processos seletivos da UFPA e de outras universidades do Estado foi identificado como um dos empecilhos para que os estudantes não participassem das seleções.
          “Os alunos têm acesso à internet, têm Orkut, Twitter, navegam por sites de relacionamento e de entretenimento, mas desconhecem as informações acerca das universidades locais e do acesso a elas”, conta a professora Maria José do Rosário, ressaltando as limitações socioculturais dos estudantes.
          Por conta disso, outro foco de ações do Projeto foi o fornecimento de informações sobre inscrições, isenções das taxas, sistema de cotas, cursos ofertados e a dinâmica dos vestibulares. As oficinas de orientação ofertadas pelos bolsistas modificaram o panorama inicial e se desdobraram em dados concretos.  “Após as oficinas, 50% dos alunos se inscreveram em diversos vestibulares e tivemos dois aprovados na UFPA”, destaca a estudante de Artes Visuais Silvia Lucena, uma das vinte bolsistas do Programa e coidealizadora do Projeto.
          Silvia Lucena afirma que tem planos para que o Projeto seja expandido. “Ainda é um sonho, mas gostaria muito de atender mais alunos vulneráveis socioeconomicamente do Bairro Guamá, repassando, também, conhecimentos em outras áreas do saber”, diz a graduanda que também é moradora do 40 Horas.

Lendo para ser feliz
          Outro projeto de extensão premiado e coordenado pela professora Maria José Aviz do Rosário é o Projeto de Circuito de Leitura: “Lendo para ser feliz”.  Composto por vinte bolsistas, discentes de diversos cursos da UFPA, o Projeto buscou estimular nos estudantes do ensino básico o prazer pela leitura.
          Adolescentes da 5ª série da Escola Estadual Consuelo Coelho e Souza foram os escolhidos para ser o público assistido pelo Projeto.  Eles recebem ações voltadas à distribuição de livros, a tutorias de leitura, a vídeos educativos, às atividades de letramento, à exposição de obras literárias, à aplicação de questionários e discussões conjuntas. “Funcionamos como uma espécie de clube de leitura. Escolhemos livros destinados a um público específico, ou seja, respeitamos as diferentes faixas etárias e consideramos o contexto sociocultural das crianças atendidas", explica a professora Maria José do Rosário.
          Ao término das leituras, os participantes apresentam suas impressões sobre as obras. Os alunos, sob o olhar atento dos pais, professores e dos universitários, realizam perfomances teatrais, apresentação de cartazes e exposições orais.

Publicado em Agosto de 2010

PCS: Circuito de Leitura.